quinta-feira, 6 de setembro de 2012

"ORAÇÃO A MIM MESMO"



Que eu me permita
olhar e escutar e sonhar mais.
Falar menos.
Chorar menos.
Ver nos olhos de quem me vê
a admiração que eles me têm
e não a inveja que, prepotentemente, penso que têm.

Escutar com meus ouvidos atentos
e minha boca estática,
as palavras que se fazem gestos
e os gestos que se fazem palavras.

Permitir sempre
escutar aquilo que eu não tenho
me permitido escutar.

Saber realizar
os sonhos que nascem em mim
e por mim
e comigo morrem por eu não os saber sonhos.

Então, que eu possa viver
os sonhos possíveis
e os impossíveis;
aqueles que morrem
e ressuscitam
a cada novo fruto,
a cada nova flor,
a cada novo calor,
a cada nova geada,
a cada novo dia.

Que eu possa sonhar o ar,
sonhar o mar,
sonhar o amar,
sonhar o amalgamar.

Que eu me permita o silêncio das formas,
dos movimentos,
do impossível,
da imensidão de toda profundeza.

Que eu possa substituir minhas palavras
pelo toque,
pelo sentir,
pelo compreender,
pelo segredo das coisas mais raras,
pela oração mental
(aquela que a alma cria e
que só ela, alma, ouve
e só ela, alma, responde).

Que eu saiba dimensionar o calor,
experimentar a forma,
vislumbrar as curvas,
desenhar as retas,
e aprender o sabor da exuberância
que se mostra
nas pequenas manifestações
da vida.

Que eu saiba reproduzir na alma a imagem
que entra pelos meus olhos
fazendo-me parte suprema da natureza,
criando-me
e recriando-me a cada instante.

Que eu possa chorar menos de tristeza
e mais de contentamentos.

Que meu choro não seja em vão,
que em vão não sejam
minhas dúvidas.

Que eu saiba perder meus caminhos
mas saiba recuperar meus destinos
com dignidade.

Que eu não tenha medo de nada,
principalmente de mim mesmo:
- Que eu não tenha medo de meus medos!

Que eu adormeça
toda vez que for derramar lágrimas inúteis,
e desperte com o coração cheio de esperanças.

Que eu faça de mim um homem sereno
dentro de minha própria turbulência,
sábio dentro de meus limites
pequenos e inexatos,
humilde diante de minhas grandezas
tolas e ingênuas
(que eu me mostre o quanto são pequenas
minhas grandezas
e o quanto é valiosa
minha pequenez).

Que eu me permita ser mãe,
ser pai,
e, se for preciso,
ser órfão.

Permita-me eu ensinar o pouco que sei
e aprender o muito que não sei,
traduzir o que os mestres ensinaram
e compreender a alegria
com que os simples traduzem suas experiências;
respeitar incondicionalmente
o ser;
o ser por si só,
por mais nada que possa ter além de sua essência,
auxiliar a solidão de quem chegou,
render-me ao motivo de quem partiu
e aceitar a saudade de quem ficou.

Que eu possa amar
e ser amado.

Que eu possa amar mesmo sem ser amado,
fazer gentilezas quando recebo carinhos;
fazer carinhos mesmo quando não recebo
gentilezas.

Que eu jamais fique só,
mesmo quando
eu me queira só.

Amém.


 
Oswaldo Antônio Begiato

quinta-feira, 26 de julho de 2012

DIA DOS AVÓS



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 Uma tarde, o neto conversava com seu avô sobre os acontecimentos e, de repente, perguntou:

- Quantos anos você tem, vovô?

E o avô respondeu:

- Bem, deixa-me pensar um pouco... Nasci antes da televisão, das vacinas contra a pólio, comidas congeladas, foto copiadora, lentes de contato e pílula anticoncepcional.

Não existiam radares, cartões de crédito, raio laser nem patins on line.

Não se havia inventado ar-condicionado, lavadora, secadora (as roupas simplesmente secavam ao vento).

O homem nem havia chegado à lua, "gay" era uma palavra inglesa que significava uma pessoa contente, alegre e divertida, não homossexual.

Das lésbicas, nunca havíamos ouvido falar e rapazes não usavam piercings.

Nasci antes do computador, duplas carreiras universitárias e terapias de grupo.

Até completar 25 anos, chamava cada homem de "senhor" e cada mulher de "senhora" ou "senhorita".

No meu tempo, virgindade não produzia câncer.

Ensinaram-nos a diferenciar o bem do mal, a sermos responsáveis pelos nossos atos.

Acreditávamos que "comida rápida" era o que a gente comia quando estava com pressa.

Ter um bom relacionamento, era dar-se bem com os primos e amigos.

Tempo compartilhado, significava que a família compartilhava férias juntas.

Não se conhecia telefone sem fio e muito menos celulares.

Nunca havíamos ouvido falar de música estereofônica, rádios FM, fitas cassetes, CDs, DVDs, máquinas de escrever elétricas, calculadoras (nem as mecânicas, quanto mais as portáteis).

"Notebook" era um livreto de anotações.

Aos relógios se dava corda a cada dia.

Não existia nada digital, nem relógios nem indicadores com números luminosos dos marcadores de jogos, nem as máquinas.

Falando em máquinas, não existiam cafeteiras automáticas, micro-ondas nem rádio-relógios-despertadores.

Para não falar dos videocassetes ou das filmadoras de vídeo.

As fotos não eram instantâneas e nem coloridas. Havia somente em branco e preto e a revelação demorava mais de três dias. As de cores não existiam e quando apareceram, sua revelação era muito cara e demorada.

Se em algo lêssemos "Made in Japan", não se considerava de má qualidade e não existia "Made in Korea", nem "Made in Taiwan", nem "Made in China". Não se havia ouvido falar de "Pizza Hut", "McDonald's", nem de café instantâneo.

Havia casas onde se compravam coisas por 5 e 10 centavos. Os sorvetes, as passagens de ônibus e os refrigerantes, tudo custava 10 centavos.

No meu tempo, "erva" era algo que se cortava e não se fumava.

"Hardware" era uma ferramenta e "software" não existia.

Fomos a última geração que acreditou que uma senhora precisava de um marido para ter um filho.

Agora me diga quantos anos acha que tenho?

- Hiii... vovô... mais de 200! Falou o neto.

- Não, querido, somente 58.
       
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quinta-feira, 12 de abril de 2012

Eternize

Eternize FALE ou ESCREVA. Mas por favor, ETERNIZE. 
Palavras foram criadas para fotografar o coração.
 Então por favor, não poupe o mundo da sua essência.
 Click... Não precisa fazer pose. Deixe acontecer. 
Se a garganta der nó se sílaba não sair, ESCREVA.
 Caneta e lápis na mão, SEJA. Mostre-se. 
 Eu não me apaixono por pessoas. Eu me apaixono por frases.
 Me alimento de palavras. Verdades, incertezas, medos, doçuras e pequenas mentiras.
 Não importa. Eu quero provar seus verbos
. Seus sujeitos. Seus objetos. Eu quero te ler. Te sublinhar. 
Te copiar. Te re-ler. Então, por favor, escreva-se. Inscreva-se.
 Eu quero te pregar num post-it pra nunca mais te esquecer... 
 Palavra vira poesia quando dita com a alma. 
Por isso, solte-se. Rabisque-se.
 Eu não vou analisar suas palavras. Eu vou apenas senti-las... 
 Fernanda Melo

domingo, 8 de abril de 2012

Feliz Páscoa

Páscoa é tempo de meditar, de buscar, de agradecer, de plantar a paz. Tempo de oração!!! Tempo de abrir os braços, de abrir as mãos e de ser mais irmão. Tempo de recomeçar! Tempo de concessão, de compromisso, de salvação. Tempo de perdão. Tempo de libertar, de libertação, de passagem, de passar... Para onde? Para a luz, para o amor, para a vida que é eterna! É Tempo de Ressurreição!

domingo, 25 de março de 2012

Oração a Mim Mesmo

Que eu me permita olhar, escutar e sonhar mais.

Falar menos, chorar menos.

Ver nos olhos de quem me vê a admiração que eles me têm e não a inveja que prepotentemente penso que têm.

Escutar com meus ouvidos atentos e minha boca estática as palavras que se fazem gestos e os gestos que se fazem palavras.

Permitir sempre escutar aquilo que eu não tenho me permitido escutar. Saber realizar os sonhos que nascem em mim e por mim e comigo morrem por eu não os saber sonhos.

Então que eu possa viver os sonhos possíveis e impossíveis; aqueles que morrem e ressuscitam a cada novo tempo, a cada nova flor, a cada novo calor, a cada nova geada, a cada novo dia.

Que eu possa sonhar o ar, sonhar o mar, sonhar o amar, sonhar o amalgamar.

Que eu me permita o silêncio das formas, dos movimentos, do impossível, da imensidão de toda a profundeza.

Que eu possa substituir minhas palavras pelo toque, pelo sentir, pelo compreender, pelo segredo da coisas mais raras, pela oração mental (aquela que a alma cria e que só ela, alma, ouve e só ela, alma, responde).

Que eu saiba dimensionar o calor, experimentar a forma, vislumbrar as curvas, desenhar as retas, e aprender o saber da exuberância que se mostra nas pequenas manifestações da vida.

Que eu saiba reproduzir na alma a imagem que entra pelos meus olhos fazendo-me parte suprema da natureza, criando-me e recriando-me a cada instante.

Que eu possa chorar menos de tristeza e mais de contentamentos.

Que meu choro não seja em vão, que em vão não sejam minhas dúvidas.

Que eu saiba perder meus caminhos, mas saiba recuperar meus destinos com dignidade.

Que eu não tenha medo de nada, principalmente de mim mesmo:- Que eu não tenha medo dos meus medos!

Que eu adormeça toda vez que for derramar lágrimas inúteis, e desperte com o coração cheio de esperanças.

Que eu faça de mim uma mulher serena dentro da minha própria turbulência, sábia dentro dos meus limites pequenos e inexatos, humilde diante das minhas grandezas tolas e ingênuas(que eu me mostre o quanto são pequenas as minhas grandezas e quanto é valiosa a minha pequenez).

Que eu me permita ser mãe, ser pai, e se preciso, ser órfão.

Permita-me ensinar o pouco que sei e aprender o muito que não sei, traduzir o que os mestres ensinaram, e compreender a alegria com que os simples traduzem suas experiências; respeitar incondicionalmente o ser; o ser por si só, por mais nada que possa ter além de sua essência, auxiliar a solidão de quem chegou, render-me ao motivo de quem partiu e aceitar a saudade de quem ficou.

Que eu possa amar e ser amada. Que eu possa amar mesmo sem ser amada; fazer gentilezas a quem me dá carinhos; fazer carinhos mesmo sem receber gentilezas.

Que eu jamais fique só, mesmo querendo ficar só.

Amém.


© Oswaldo Antônio Begiato


sábado, 18 de fevereiro de 2012

O AMOR É A ÚNICA SOLUÇÃO PARA OS PROBLEMAS DA VIDA


 
"Só por amor constrói a tua vida.
Só por amor escolhe teu destino.
A tua vida merece ser ungida pelas chances
deste sentimento único e total.
Entrega tuas mágoas ao teu sonho
e sai por aí rimando a tua vida com felicidade.
Verás que em cada esquina
há um motivo novo para sorrir.
Abre as portas da tua vida, deixa o amor entrar
e fazer bagunça no teu coração.
Entra no jogo e vive,
pois que não há alternativa mais sensata
do que se abrir para o mundo, livre, intenso,
sem medo de lágrimas,
pelo prazer de ter uma vida.
Olha o caminho que te espera.
Se não o vês, imagina e sonha.
O teu sonho pulveriza os espinhos.
E só o teu medo, este sim, insensato,
pode te impedir de viver.
Abre o teu coração, pois que o amor anda por aí,
zanzando, te cercando,
doidinho para pousar no teu caminho.
Só o amor semeia tuas conseqüências.
Nada paga um carinho despretensioso,
imediato, espontâneo.
Nada paga... mas tem troco.
E o troco,
contrariando todas as lógicas matemáticas,
pode ser bem maior que o teu próprio ato.
Mas, por amor não espera recompensas.
Planta o teu verso sem esperar a rima alheia.
A vida, este espaço entre o choro
dos que chegam e o choro dos que
ficam émuito importante para que
a deixe passar fria e inconsequente.
Planta teu jardim,
mesmo que ainda não tenhas o vaso.
Semeia os teus grãos antes que a fome apareça.
Tu és o dono e o condutor de tua vida.
Ela é tua e cabe a ti, fundamentalmente a ti,
guiá-la pelos caminhos da felicidade.
Ninguém tem o direito
de arrebatar das tuas mãos a batuta
que há de reger a sinfonia da tua vida.
Tu és quem deve decidir.
E o que decidas, seja pelo amor!
Viver, para quem ama,
é uma coisa tão sensacional, tão maravilhosa,
que esta lição, cantada há milênios,
deve ser a única explicação lógica e plausível
para dirimir as dúvidas quanto à razão de viver.
E, mesmo que não seja a grande razão,
por amor vale aceitá-la.

Só pelo amor vale a vida!
Orison Swett Marden**

domingo, 15 de janeiro de 2012

Instruções para se roubar um coração


 


Para se roubar um coração, é preciso que seja com muita habilidade, tem que ser vagarosamente, disfarçadamente, não se chega com ímpeto, não se alcança o coração de alguém com pressa. Tem que se aproximar com meias palavras, suavemente, apoderar-se dele aos poucos, com cuidado. Não se pode deixar que percebam que ele será roubado, na verdade, teremos que furtá-lo, docemente.

Conquistar um coração de verdade dá trabalho, requer paciência, é como se fosse tecer uma colcha de retalhos, aplicar uma renda em um vestido, tratar de um jardim, cuidar de uma criança. É necessário que seja com destreza, com vontade, com encanto, carinho e sinceridade. Para se conquistar um coração definitivamente tem que ter garra e esperteza, mas não falo dessa esperteza que todos conhecem, falo da esperteza de sentimentos, daquela que existe guardada na alma em todos os momentos.

Quando se deseja realmente conquistar um coração, é preciso que antes já tenhamos conseguido conquistar o nosso, é preciso que ele já tenha sido explorado nos mínimos detalhes, que já se tenha conseguido conhecer cada cantinho, entender cada espaço preenchido e aceitar cada espaço vago... e então, quando finalmente esse coração for conquistado, quando tivermos nos apoderado dele, vai existir uma parte de alguém que seguirá conosco. Uma metade de alguém que será guiada por nós e o nosso coração passará a bater por conta desse outro coração. Eles sofrerão altos e baixos sim, mas com certeza haverá instantes, milhares de instantes de alegria. Baterá descompassado muitas vezes e sabe por que? Faltará a metade dele que ainda não está junto de nós. Até que um dia, cansado de estar dividido ao meio, esse coração chamará a sua outra parte e alguém por vontade própria, sem que precisemos roubá-la ou furtá-la nos entregará a metade que faltava... e é assim que se rouba um coração, fácil não?

Pois é, nós só precisaremos roubar uma metade, a outra virá na nossa mão e ficará detectado um roubo então! E é só por isso que encontramos tantas pessoas pela vida a fora que dizem que nunca mais conseguiram amar alguém... é simples... é porque elas não possuem mais coração, eles foram roubados, arrancados do seu peito, e somente com um grande amor ela terá um novo coração, afinal de contas, corações são para serem divididos, e com certeza esse grande amor repartirá o dele com você.

- Luís Fernando Veríssimo