sexta-feira, 8 de abril de 2011

Despedida

Despedida

Pegarei todos os meus sonhos e os despacharei em envelope pardo, destinatário incerto, sem remetente.

Passarei um pincel escuro no arco-íris que inocentemente eu desenhei, carregado de cores.

Amassarei de vez todas as flores de mentirosas esperanças e

arrancarei até mesmo os falsos botões que estão por vir.

Nublarei a noite quando ela me escancarar a lua cheia, apagarei uma a uma, todas as estrelas que teimarem em tremeluzir.

Tingirei de cinza a manhã mais luminosa do meu santuário, emudecerei o canto do meu sabiá canoro e não farei mais festa para o meu colibri.

Desfarei todas as pegadas do caminho, onde os teus passos e os meus estiveram perfilados.

Encherei de colcheias e semifusas confusas todas as canções que arrancaram lágrimas deste meu coração emocionado.

Farei em pedacinhos, pequenas e grandes lembranças palpáveis, sem esquecer aquele CD e o vestido de marquinhas, aquele que tu gostavas, mas não chegaste a conhecer.

Destroçarei também as recordações não palpáveis, que um dia me deram provas incontestes do teu amor

E dizimarei todas as angélicas hostes que me atrelaram a ti, esquecidas da minha dor.

E se porventura em sonhos minha alma desvairada te buscar e,

em prantos te encontrar andando pela rua,

Abraça-me com aquele carinho de antigamente,

porque sonhando, nossas almas não mentem

e a minha te dirá que ainda sou tua.